A morte de Gerson, o jovem vaqueirinho que acabou sendo morto por uma leoa após entrar na jaula do animal em João Pessoa, revela uma história marcada por abandono, vulnerabilidade e falhas profundas na política de saúde mental da Paraíba. A reportagem divulgou documentos oficiais mostrando que, mesmo após avaliação psiquiátrica completa, o Estado não encontrou nenhum espaço clínico adequado para acolher e tratar Gerson. A situação escancara a falta de estrutura, planejamento e políticas públicas para pessoas que dependem do sistema de saúde.
Gerson morava com a mãe e a avó, ambas diagnosticadas com esquizofrenia. Ele cresceu sem apoio familiar, já que quatro dos irmãos foram adotados por outras famílias. Ficou praticamente sozinho e sem proteção. Imagens registradas por profissionais do CAPS no seu último aniversário revelam momentos curtos de alegria, mas também o pouco suporte que recebeu ao longo da vida. O laudo psiquiátrico apontava deficiência intelectual leve, dificuldades socioafetivas, limitações cognitivas e problemas de comportamento, e essas condições exigiam acompanhamento constante e especializado.
Poucos dias antes da tragédia, ele participou de uma audiência em que a juíza decidiu aposentá-lo por invalidez. Gerson saiu feliz, mostrou as roupas novas que ganhou e parecia acreditar que a vida iria melhorar. Mas familiares afirmam que ele passou a semana pedindo dinheiro emprestado e apresentando claros sinais de desorganização mental. Criou a fantasia de que libertaria uma leoa do zoológico e que viajaria com ela até a África. Essa ideia delirante o levou diretamente até a jaula.
Sem compreender o perigo real e sem nenhum suporte capaz de impedir o ato, Gerson entrou no recinto. Instantes depois, foi atacado e morto pela leoa, em uma tragédia que poderia ter sido evitada se ele tivesse recebido tratamento adequado e contínuo.
A morte de Gerson não foi um acidente isolado. Foi o resultado de anos de negligência e omissão. Enquanto documentos eram produzidos e relatórios eram assinados, ele continuava vulnerável e sem assistência.
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