Cadu tem prestígio. Como secretário de Tributação, foi peça-chave na gestão financeira do estado e conquistou a confiança da governadora. Sua projeção recente não é à toa: há um esforço para fortalecê-lo politicamente. Mas isso não significa que ele será o candidato ao governo. Como assim?
Fátima Bezerra termina seu mandato com alta rejeição, e a promessa não cumprida de apoiar Walter Alves para sua sucessão gerou ruídos dentro da base. Além disso, o PT tem um histórico claro: para disputar cargos majoritários, tradicionalmente lança políticos com trajetória dentro da sigla, os chamados “petistas raiz”.
Sem um nome natural para a disputa, lançar Cadu como candidato ao governo poderia ser uma jogada para testar sua aceitação. Mas não é. Embora tenha baixa rejeição, boa circulação na imprensa e uma articulação eficiente, ainda assim, não teria chances contra a direita, que se fortalece, em parte, devido à política econômica sofrível do governo Lula e à atual gestão da governadora.
Então, por que o partido simplesmente não lança agora um nome tradicional? Porque isso abriria caminho para um bombardeio precoce. Se um petista de carreira fosse apontado hoje como sucessor de Fátima, a oposição teria tempo de sobra para desgastá-lo até as eleições, explorando a rejeição do governo com narrativas difíceis de reverter. Jogar Cadu no centro do debate pode ser uma forma de desviar a atenção enquanto os verdadeiros candidatos são trabalhados nos bastidores.
Lançar Cadu como “candidato” tira a pressão da esquerda por um nome e entrega à mídia alguém com baixa rejeição. A imprensa não o criticará intensamente porque se sabe que ele não teria chances reais. Mas o desdobramento disso é interessante: com essa grande exposição gratuita e sendo apresentado à esquerda pelos caciques do PT, Cadu se tornará um nome forte numa disputa para deputado estadual ou, quem sabe, federal. Eis o verdadeiro objetivo dessa exposição planejada.
Se o PT lançar agora seu candidato real ao governo, como, por exemplo, Natália Bonavides, a mídia começaria a miná-lo desde já. E é justamente esse desgaste que o PT quer adiar ao máximo.—
Se este artigo de opinião é obra de ficção ou realidade, só o tempo dirá.
Marcus Aragão