As duas jovens de 18 anos que morreram atropeladas na noite de quarta-feira (9) ao atravessar a principal avenida de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, eram melhores amigas e tinham ido comemorar o primeiro emprego de uma delas.
O relato é de Claudilene Helena de Lima, mãe de Isabelli, sua única filha e uma das vítimas do acidente. Muito emocionada e chorando, ela contou que a filha estava feliz por ter conseguido uma vaga como jovem aprendiz em um supermercado no Ipiranga e tinha saída com a amiga, Isabela Priel Regis, para comemorar a conquista.
As duas eram amigas inseparáveis. Elas estudaram o ensino médio juntas e… morreram juntas. Isabelli ia começar [a trabalhar] segunda-feira e não deu tempo. Saíram para comemorar e não deu tempo. Estavam voltando pra casa.
Na última vez em que conversaram, Isabelli se arrumava para ir na casa da amiga. “Ela colocou o perfume que ela gostava e falou: ‘Olha, mãe, agora, posso usar o perfume. Porque eu estava guardando pra não acabar. Mas agora vou trabalhar e consigo comprar, né?’. Ela se maquiou e saiu tão linda de casa e foi”, contou.
Segundo Claudilene, Isabelli era uma filha maravilhosa, gostava de se cuidar e vai deixar muita saudade.
A família mora em São Caetano do Sul desde 2012 e a jovem estava acostumada desde cedo a andar pelas ruas da cidade.
As duas amigas tinham acabado de sair de uma adega quando atravessavam a rua na faixa de pedestres na Avenida Goiás, no bairro Santo Antônio.
Uma câmera de vigilância da via mostra que o sinal ainda estava vermelho para os pedestres, mas um carro veio em alta velocidade e acertou as duas, que foram arremessadas a mais de 50 metros de distância.
O pai de Isabela, Marcos Antonio dos Santos Régis, ressaltou que a avenida é bastante iluminada, mas que o motorista parecia estar distraído, nem diminuiu a velocidade e passou como se não tivesse ninguém na frente
O motorista que atropelou as duas jovens é o estudante de direito Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos.
O advogado de defesa dele disse que o rapaz passou pelo cruzamento quando o semáforo estava verde para os carros e que ele não viu que as jovens atravessavam a rua naquele momento.
Segundo o advogado Francisco Ferreira, o rapaz tinha acabava de sair da faculdade, que fica ali na região, e que pela Avenida Goiás dirigindo entre 60 km/h e 70 km/h, sem saber precisar a velocidade exata.
O teste do bafômetro constatou que ele não estava bêbado. Depois do acidente, Brendo também foi submetido a uma contraprova junto ao Instituto Médico Legal (IML), mas o resultado ainda não foi divulgado.
O motorista foi ouvido na delegacia e acabou detido. Ele deve passar por audiência de custódia com um juiz ainda nesta quinta.
Segundo o boletim de ocorrência, o caso foi registrado como homicídio com dolo eventual (quando assume o risco) “ao lançar-se em prática de altíssima periculosidade em via pública e mediante alta velocidade (em conduta conhecida por ‘racha’)”.
A mãe de Isabelli afirmou que a família do rapaz ofereceu ajuda para os familiares das duas jovens atropeladas.
“Conversaram e disseram que vão dar todo o apoio que a gente precisa. A mãe do rapaz quer conversar com a gente, que a família quer prestar todo o apoio. Que o moço é estudante que não é nada que desabone e tava voltando da faculdade”, afirmou.